Reconhecido e celebrado internacionalmente, o dia 1 de maio assinala um marco histórico, quer na conquista eternizada dos direitos dos trabalhadores, quer na política sensibilizadora para a falta de condições de trabalho.
Foram anos de evolução, adaptação e resiliência que culminaram na regulamentação das relações laborais e efetivação dos direitos dos trabalhadores. Não deixa de ser curioso que, na génese da celebração do Primeiro de Maio, resida o aumento exponencial da industrialização provocado pela introdução de máquinas e novos métodos de produção em larga escala. Partindo desse pressuposto, e volvido mais de um século, somos hoje presenteados pela transformação digital e adoção da Inteligência Artificial (IA), sendo, inclusivamente, por muitos discutida a emergência de uma 5ª Revolução Industrial. Concordando ou não com tal denominação, inegável é a exigência significativa de mudança nas competências requeridas ao nível do quotidiano laboral, seja na esfera os empregadores, seja na esfera dos trabalhadores. Daí que o papel dos departamentos de Recursos Humanos se demonstre crucial na antecipação dessas necessidades e na implementação de estratégias de requalificação eficazes, cujo aliado perfeito pode ser precisamente o recurso às novas metodologias desenvolvidas pela Inteligência Artificial.
Se é pacífica a conclusão de que contribuem para promover a celeridade de procedimentos, através da eliminação de tarefas desnecessárias, as ferramentas disponibilizadas pela IA demonstram-se, também, cada vez mais adequadas a desenvolver novas competências e a promover a requalificação profissional dos trabalhadores.
Ora, sendo a gestão dos Recursos Humanos o departamento responsável pelo recrutamento, seleção e organização dos talentos que almejam a simbiose entre a atividade da empresa e o seu escopo, o recurso a métodos de IA permite àqueles departamentos ter ao seu alcance o processamento dos dados internos (desempenho, funções em evolução e objetivos definidos) e externos (propensões de mercado, relatórios de empregabilidade) das empresas para:
Já ultrapassada a sua fase experimental, a IA revela-se uma ferramenta estratégica na promoção de ambientes de trabalho mais inclusivos e equitativos, capazes de promover as capacidades dos trabalhadores. Embora ainda em fase de desenvolvimento e aperfeiçoamento, podemos assumir o potencial da tecnologia em servir a requalificação dos postos de trabalho.
Contudo, não desconsiderando o uso responsável e ético da IA, exige-se uma atenção redobrada às imposições do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), bem como à necessidade de garantir transparência nos processos de decisão “automatizada”. A devida formação e profissionalização dos RH é um ativo essencial e, para tal, é imprescindível assegurar que estes novos métodos são um recurso para potenciar — e nunca substituir — o valor humano nas empresas e, simultaneamente, para oferecer uma resposta rápida e concretizada à organização.
É, neste contexto, que os departamentos de Recursos Humanos assumem também um papel de mediadores, devendo demonstrar uma capacidade de estimular uma ideologia de formação contínua, de resiliência perante a mudança e de valorização das capacidades e qualificações dos profissionais.
Com a assessoria legal adequada, incumbe aos Recursos Humanos liderar esta transição de forma equilibrada, assegurando um tratamento justo e equitativo dos trabalhadores, bem sabendo que a mudança é inevitável e a adaptação uma exigência.